Psicologia positiva: o que é?

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Há muitas e muitas décadas, os estudos da ciência da mente têm sido orientados para identificar e minimizar os efeitos das emoções negativas sobre as pessoas, com o objetivo de reduzir sua vulnerabilidade diante dos eventos cotidianos.


Nos últimos anos, porém, um questionamento veio propor a quebra desse padrão: e se, em vez de concentrar-se somente em ajudar o paciente a lidar com as adversidades, o objetivo fosse a potencialização de suas características favoráveis e a busca pela felicidade plena? Surgia aí a psicologia positiva.


Há muitas e muitas décadas, os estudos da ciência da mente têm sido orientados para identificar e minimizar os efeitos das emoções negativas sobre as pessoas, com o objetivo de reduzir sua vulnerabilidade diante dos eventos cotidianos.


Nos últimos anos, porém, um questionamento veio propor a quebra desse padrão: e se, em vez de concentrar-se somente em ajudar o paciente a lidar com as adversidades, o objetivo fosse a potencialização de suas características favoráveis e a busca pela felicidade plena? Surgia aí a psicologia positiva.


Conheça a origem do conceito da Psicologia Positiva e descubra por que essa abordagem tem tido tanta aceitação entre profissionais e pacientes no mundo todo.

Onde foi parar a busca pela felicidade?

Embora haja registro de debates desde a Grécia Antiga e o tema estivesse presente na perspectiva humanista de psicólogos como Abraham Maslow, Carl Rogers e Carl Jung, teoricamente, parece que a felicidade nunca tivera relevância suficiente para tornar-se objeto de pesquisas científicas.


Esse fato, possivelmente somado aos efeitos devastadores da Segunda Guerra Mundial na população, fez com que a ciência psicológica tomasse um novo rumo: o modelo de doença, cujo foco está na identificação e no tratamento das doenças da mente e na redução de seus danos.


O lado positivo desse modelo é que, pela primeira vez, as doenças psíquicas e suas possibilidades de tratamento foram reconhecidas. Há 70 anos, por exemplo, não existiam investimentos em pesquisas, suas causas e gatilhos eram ignorados e todas as abordagens nesse sentido eram empíricas. Sem dúvidas, o desenvolvimento da ciência das doenças mentais e tudo o que sabemos sobre elas deve-se a esse modelo.


No entanto, essa abordagem também tem pontos negativos:


  • Psicólogos e psiquiatras assumem papel patologizador, diagnosticando e tratando de doenças, em vez de cuidar e melhorar a vida de pessoas;
  • Pessoas muito infelizes tornam-se pessoas menos infelizes ou, no máximo, em estágio zero;
  • O modelo de doença não contempla as pessoas “comuns”, isto é, aquelas sem problemas ou doenças. Essas pessoas também merecem ser felizes, certo?

A construção da Psicologia Positiva

O conceito da psicologia positiva surgiu após uma extensa pesquisa liderada por Martin Seligman, psicólogo americano e ex-presidente da Associação Americana de Psicologia. Seu objetivo era propor aos profissionais entusiastas da psicologia contemporânea a adoção de um olhar mais amplo e positivo, e menos direcionado à reparação de danos.


A psicologia positiva surge, então, como a ciência psicológica que visa nutrir o que há de melhor nas pessoas, para que elas vivam com satisfação e possam manter a felicidade mesmo diante dos transtornos e situações difíceis do dia a dia.


Embora tenha particularidades, Seligman sustenta que a psicologia positiva é um movimento dentro da psicologia tradicional, e não uma alternativa a ela. Isso quer dizer que as doenças mentais e emoções negativas continuam sendo consideradas durante o tratamento, mas o foco passa a ser a identificação e o fortalecimento das virtudes e habilidades do indivíduo.

Psicologia Positiva: felicidade x bem-estar

Devido à impossibilidade de mensurar a felicidade, Seligman e sua equipe destacaram três componentes que, associados, poderiam estar relacionados à obtenção da satisfação na vida: Emoções Positivas, Engajamento e Significado.


No entanto, em seu livro “Florescer: Uma nova e visionária interpretação da felicidade e do bem-estar”, publicado em 2011, Martin Seligman refuta a definição atribuída à psicologia positiva como a ciência da felicidade. Para ele, o conceito é muito mais amplo e a felicidade é apenas um dos fatores que o compõe.


Agora, em vez da satisfação na vida, a psicologia positiva tem seu ápice no estado de florescimento do indivíduo, e agrega mais dois componentes, Relacionamentos e Realização, nascendo assim o modelo PERMA – formado pelas iniciais dos cinco componentes, em inglês.

Positive Emotions (Emoções Positivas)

Diz respeito ao fortalecimento das emoções cujos aspectos são agradáveis: alegria, gratidão, serenidade, interesse, orgulho, esperança etc. Algumas abordagens da psicologia relacionam os pensamentos disfuncionais aos comportamentos autodestrutivos e atuam sob a perspectiva de desenvolver e reforçar as emoções positivas.

Engagement (Engajamento)

Envolvimento com atividades que exploram todo seu potencial, geralmente de média complexidade – difíceis o suficiente para não entediar, fáceis o suficiente para não frustrar. Mihaly Csikszentmihalyi, psicólogo húngaro que fez parte da equipe de Seligman, desenvolveu a teoria do “Flow”, fluxo em inglês, para o estado mental altamente focado, ou seja, quando alguém desempenha uma atividade tão compenetrado que nem sente o tempo passar.

Relationship (Relacionamento)

Desde os estudos preliminares, o único fator comum entre as pessoas que experimentam a felicidade plena é a habilidade de se relacionar. A interação com outras pessoas promove a criação de vínculo, o fortalecimento das conexões, o desenvolvimento da confiança no outro e em si mesmo, além de ampliar as perspectivas de mundo.

Meaning (Significado)

Aplicação dos pontos fortes e habilidades para um objetivo maior, um propósito de vida. É o que dá sentido à existência e o estimula a ir além. Pode estar relacionado ao trabalho, à família, à religião ou às atividades que geram algum tipo de transformação em sua vida.

Accomplishment (Realizações)

As realizações aumentam a autoestima, reforçam o valor e retroalimentam a motivação. Celebrar cada conquista promove sensação de plenitude e ajuda a inspirar as pessoas ao redor.

Gostou do tema? Você pode conhecer mais aqui:

-Assista ao TedX: “A nova da Psicologia”, por Martin Seligman

-Assista ao TedX: “O segredo da felicidade para trabalhar melhor”, por Shawn Achor