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Assédios e transtornos alimentares – Artigo do Núcleo do Comportamento Alimentar (NCA)

Já parou para pensar em como o trauma do abuso sexual pode influenciar, de forma silenciosa, a relação com a comida e o próprio corpo, podendo ser um evento desencadeador para transtornos alimentares?

Em setembro, essa delicada relação foi o tema central das discussões no Grupo de Estudos do Núcleo do Comportamento Alimentar.

Lara Carla, nutricionista e participante do grupo nos convida a refletir sobre isso.

Confira o texto na íntegra!

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A relação entre assédios e transtornos alimentares é complexa e envolve não apenas aspectos emocionais, mas também importantes impactos nutricionais. Pessoas que experienciam traumas, especialmente aqueles associados aos abusos físico ou sexual, podem desenvolver transtornos alimentares como uma resposta para lidar com as memórias difíceis. Com padrões alimentares desregulados, usando a comida como uma forma de tentar lidar com sentimentos intensos de vergonha, ansiedade ou descontrole, que afetam diretamente características nutricionais, a alimentação disfuncional pode emergir como uma tentativa de controle sobre algo em meio ao caos interno.

Esse comportamento alimentar se torna uma espécie de “fuga” emocional, permitindo que a pessoa encontre formas, ainda que temporárias e prejudiciais, de aliviar seu sofrimento psicológico. Assim, comportamentos como a compulsão alimentar, a restrição ou a purgação surgem como uma maneira de lidar com sentimentos avassaladores de culpa, vergonha ou angústia.

A restrição alimentar e o vômito autoinduzido, comum em casos de anorexia e bulimia respectivamente, podem surgir como uma maneira de “controlar” a situação após um episódio de assédio. No entanto, tais práticas apontam para a possibilidade da falta de nutrientes essenciais e impacta gravemente no funcionamento do corpo, resultando em deficiências de vitaminas, perda muscular, enfraquecimento ósseo e até desequilíbrios hormonais​.

Por outro lado, a compulsão alimentar leva ao consumo excessivo de alimentos em um curto período, geralmente alimentos ricos em açúcares e gorduras. Esse tipo de alimentação irregular pode afetar os níveis de glicose no sangue e o metabolismo, o que gera riscos cardiovasculares, além de uma possível resistência à insulina.

O suporte nutricional para quem passou por traumas e apresenta transtornos alimentares é crucial para a recuperação e equilíbrio do corpo. A psicoterapia é outra orientação imprescindível para o manejo das emoções. Trabalhar a relação com a alimentação de forma gradual e com um olhar compassivo é essencial para restaurar a saúde física e a confiança alimentar.

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Lara Carla e Silva Lacerda (@lara_carla_nutri)

É Nutricionista pelo Centro Universitário Maurício de Nassau e Engenheira de Alimentos pela Universidade Federal do Ceará, com formação em Nutrição Comportamental e Modulação Intestinal. Atualmente, está se especializando em Fitoterapia. Atua como Nutricionista Extensionista no Centro de Tratamento dos Transtornos Alimentares do Ambulatório do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC/UFC). Além disso, realiza acompanhamento nutricional para crianças, adolescentes e adultos, tanto em consultório particular quanto de forma online.